sexta-feira, 16 de novembro de 2018


SAÍDA DE CUBANOS DO BRASIL PREOCUPA GESTORES

Por Junior Almeida

O Programa Mais Médicos foi criado em julho de 2013 no governo da então presidente Dilma Roussef para ampliar o atendimento médico principalmente em regiões mais carentes. Em agosto do mesmo ano foi fechado um acordo com a Opas - Organização Pan-Americana da Saúde - para participação de médicos cubanos.

O programa dispõe de 18.240 vagas em mais de 4 mil municípios e 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), atendendo cerca de63 milhões de brasileiros, segundo o Ministério da Saúde. A participação de médicos cubanos no programa tinha sido renovada no início deste ano por mais cinco anos. Atualmente o programa emprega16.707 profissionais, sendo 8.556 cubanos.

Um levantamento do Governo divulgado em 2016 apontou que o programa é responsável por 48% das equipes de Atenção Básica em municípios com até 10 mil habitantes e em 1.100 municípios atendido pelo programa, o Mais Médicos representava 100% da cobertura de Atenção Básica, de acordo com dados divulgados.

Mesmo com todos estes números positivos o programa chega ao final em nosso país (pelo menos para os cubanos), e de uma maneira no mínimo polêmica. É que o presidente eleito Jair Bolsonaro disse quenão tinha como saber se os cubanos que trabalhavam no Brasil eram realmente médicos, por isso iria exigir deles um exame de comprovação de nome Revalida.

Tal atitude já era de certa forma esperada, pois em agosto passado, ainda durante a campanha, Bolsonaro já anunciava sua vontade de acabar com o programa, em especial por conta dos profissionais do país caribenho. O então candidato Bolsonaro disse que expulsaria os médicos cubanos do Brasil com base no exame de revalidação de diploma de médicos formados no exterior, o Revalida.

Com esta ameaça os cubanos já estavam com “as barbas de molho” e a mais nova declaração do presidente eleito fez o governo daquele país se sentisse ofendido e anunciasse na quarta-feira (14) a retirada de seus profissionais do Brasil. O Governo de Cuba citou "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras" feitas pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil.

Em Pernambuco 414 médicos cubanos deixarão de atender. Na nossa região o fim do programa trouxe preocupação a prefeitos, secretários de saúde e principalmente da população. Em Caetés, por exemplo, o município perde quatro médicos, das comunidades Campinho, Quati, Várzea de Dentro e Ponto Alegre, todos, segundo os próprios moradores, adorados pelas comunidades. O prefeito Armando Duartedisse aguardar um posicionamento do Ministério da Saúde, mas que por enquanto, se diz muito preocupado com o grande desfalque na equipe da saúde municipal.

Em Capoeiras são três os cubanos que vão deixar o município. Os médicos vinham atendendo na Vila Maniçoba, Alegre e cidade, no posto de saúde Maria Zélia, que atende pessoas dentre outros lugares, dos bairros Cohab e Quatis, sendo esse último um dos locais mais carentes do município.

O secretário de saúde de Capoeiras, Cléber Gewehr, na mesma linha de Armando Duarte, disse que as comunidades estão sentindo muito a saída dos médicos cubanos. Relatou ainda que conversou com os profissionais e que eles gostariam muito de terminar o seu contrato, se sentindo tristes em deixar o Brasil.

Cléber publicou uma nota de agradecimento aos doutores cubanos pelos serviços prestados à população de Capoeiras e onde bate no presidente eleito Jair Bolsonaro. Diz o texto:

Nós sanitaristas agradecemos a enorme colaboração dos irmãos cubanos, lamentamos tudo que está acontecendo, no entanto, nossos médicos cubanos não merecem serem expulsos do país, o governo cubano fez muito bem em solicitar o desligamento do programa, quem perde é o povo, e nosso deputado "mascarado" de presidente vai continuar com todos os privilégios de um político em nosso país... E nunca irá precisar recorrer a uma unidade básica de saúde para buscar atendimento médico!

Já a Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota nesta quinta-feira (15) falando em preconceito por parte do político do PSL e lembrando que ele, o presidente eleito Jair Bolsonaro, votou contra o Mais Médicos na Câmara dos Deputados e foi ao STF - Supremo Tribunal Federal - para tentar impedir sua criação.

Ainda segundo a direção do partido:
O preconceito ideológico, a ignorância sobre políticas públicas e a falta de sensibilidade social de Jair Bolsonaro vão deixar 60 milhões de brasileiros sem a assistência de 8,5 mil médicos cubanos participantes do programa Mais Médicos.

*Informações em: G1, Poder 360, Mais Médicos e DP.
**Foto: Causa Operária.


por Roberto Almeida Roberto Almeida Almeida às 09:50:00 Nenhum comentário: Links para esta postagem

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